O Schalke 04 entrará em campo neste domingo (23) com uma mensagem em seu uniforme que carrega uma recado claro contra a extrema-direita alemã: “Demokratie wählen! Gegen Rassismus und Ausgrenzung!” (Vote pela democracia! Contra o Racismo e a Exclusão).

A iniciativa ocorrerá durante o jogo fora de casa contra o Darmstadt 98, pela segunda divisão da Bundesliga, às 09h30 de Brasília. O feito é posicionamento direto a velhas acusações injustas de que Adolf Hitler teria sido torcedor do clube durante o regime nazista, além de um posicionamento firme contra a extrema-direita em um momento político crucial na Alemanha.

A escolha do domingo para exibir a mensagem no uniforme não é coincidência. No mesmo dia, os alemães vão às urnas para as eleições federais de 2025, em um pleito marcado pela ascensão de partidos de extrema-direita, como o AfD, que aparece em segundo lugar nas pesquisas.

Clube sofre com boato de que líder nazista era torcedor da equipe

O clube de Gelsenkirchen foi acusado ao longo dos anos de ter tido Adolf Hitler como torcedor, uma ideia que ganhou força por causa do sucesso impressionante do time durante os anos 1930 e 1940, auge do regime nazista.

O Schalke 04 foi um gigante na Alemanha pré e durante a Segunda Guerra Mundial. Entre 1934 e 1942, o clube conquistou seis títulos nacionais (1934, 1935, 1937, 1939, 1940 e 1942) e uma Copa da Alemanha (1937), dominando o que era chamado de Gauliga, o campeonato regionalizado criado pelos nazistas após dissolverem as ligas tradicionais em 1933. Esse sucesso coincidiu com o período em que o regime de Hitler estava no poder, o que levou algumas pessoas, décadas depois, a especular que o ditador poderia ter simpatia pelo clube. Mas aí é que entra a primeira grande falha dessa teoria: Hitler não tinha nenhum apego pessoal por futebol.

Registros históricos são claros sobre isso. Hitler assistiu a um único jogo de futebol em toda a sua vida, durante os Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, e mesmo assim foi mais por obrigação política do que por interesse.

Em 2008, quando essa história de “Hitler torcedor” voltou à tona, o Schalke 04 rebateu com força. Um porta-voz do clube disse ao jornal Die Welt que associar Hitler ao Schalke era tão absurdo quanto dizer que Margaret Thatcher torcia pro Liverpool porque o time venceu muito nos anos 80.

Mais do que uma resposta a um mito histórico, o uniforme do Schalke 04 neste domingo é um grito por democracia e inclusão. Em um país que já viu os perigos do extremismo, o clube de Gelsenkirchen aproveita a coincidência com as eleições para lembrar seus torcedores (e o mundo) da importância de escolher um futuro que rejeite o racismo e a exclusão.

O apito inicial será às 09h30, mas a mensagem já ecoa muito antes do jogo começar.