Pioneira em oferecer esportes por streaming, o DAZN fechou um acordo de 1 bilhão de euros pelos direitos globais do Mundial de Clubes da FIFA de 2025. O futuro torneio de clubes poderá ser visto gratuitamente no serviço, quem tiver interesse em assistir a competição precisará apenas de um cadastro na plataforma. Botafogo, Fluminense, Palmeiras e Flamengo serão os representantes brasileiros que irão disputar esta primeira edição.

Acordos de sub-licenciamento não estão descartados para TVs abertas locais de cada país, mas não haverá negociação com TVs fechadas e plataformas de streaming.

A DAZN é uma gigante dos direitos esportivos, pelo mundo a empresa é bem consolidada e já fechou acordos na casa dos bilhões de dólares por diversas vezes, exibe a Liga dos Campeões com exclusividade em vários países da Europa, na Itália e na França detém o monopólio sobre os campeonatos locais (Serie A e Ligue 1), a empresa está presente em praticamente em todos os países do globo terrestre e não mede esforços para ampliar ainda mais seu portfólio de eventos. O NFL Game Pass, pay-per-view da maior liga de esportes americanos, é atualmente vendida dentro do DAZN em todo o mundo.

Mas no Brasil…

A DAZN começou a se aventurar no mercado brasileiro em 2019, mas olhando para o serviço em 2024, cinco anos depois de sua estreia, não dá para dizer que suas operações em nosso território são um sucesso. A DAZN praticamente inexiste no mercado de grandes eventos esportivos no Brasil. Atualmente a empresa se sustenta exibindo a Série C, a Copa do Nordeste e estaduais de menor porte, eventos que ela comprou em parceria com a Sky e a Claro, juntas elas formam o consórcio “Nosso Futebol”.

Quando desembarcou por aqui em 2019 os planos para o nosso país eram bem mais ambiciosos do que os que se apresentam atualmente, ostentando o slogan “mais esportes ao vivo do que em qualquer outro lugar“, a empresa chegou sendo dona da Ligue 1 e da Serie A Italiana no Brasil, ainda exibia 2 jogos exclusivos da Premier League em um acordo de sub-licenciamento com a ESPN, além de ter os direitos da Recopa e da Sul-Americana (também exclusivos, não compartilhados nem com TV aberta). A competição secundária da CONMEBOL era o carro-chefe do streaming, com o técnico português José Mourinho chegando a comentar jogos de times brasileiros pela empresa, foi o caso de Santos x River-URU e Corinthians x Racing.

Parecia que um novo player havia surgido com força no mercado de transmissões do Brasil, com condições de ameaçar até o Grupo Globo e seu SporTV, ou até a Disney e sua ESPN, porém em 2020 tudo mudaria.

Com uma pandemia global que paralisou campeonatos em todas as partes, a filial brasileira do serviço começava a dar prejuízo e sangrava assinantes sem ter o que passar, e o corte de custos logo veio. Em agosto de 2020 o DAZN devolveu os direitos da Sul-Americana para a CONMEBOL, rompendo um contrato que iria até 2022. A Serie A até continuou sendo exibida depois de ser retomada (a Ligue 1 não voltou e deu por encerrada a competição faltando 10 rodadas para disputar), mas não foi renovada para novos ciclos. O mesmo aconteceu com a Premier League.

Profissionais contratados foram deixando a empresa para se realocarem em canais concorrentes, casos como o de Mariana Fontes (hoje no SporTV), Luiz Alano (SBT), Marcelo do Ó (RedeTV! e GOAT) e Rafael Oliveira (CazéTV).

Sem ter o que passar, a DAZN se reinventou em uma espécie de “consórcio” com a Sky e a Claro, as empresas negociam juntas direitos esportivos para passar tanto na plataforma de streaming quanto no canal Nosso Futebol. Compartilhando profissionais e transmissão, o DAZN tem em seu catálogo atual o Brasileirão da Série C e a Copa do Nordeste. Competições de nicho, pouco atrativas para o público geral.

Nem os jogos da Champions League Feminina, outra competição a qual a empresa tem os direitos globais, tem transmissão em português, geralmente sendo exibidos em inglês até mesmo nas finais.

O descaso com a filial brasileira é tanto, que as redes sociais oficiais do serviço anunciavam a novidade em todos os seus perfis globais, menos o do Brasil, onde o último post mais recente data mais de 20 horas no X, até o fechamento desta matéria.

Apesar de gratuito, fica difícil de se empolgar com um streaming que vive falhando, não investe em transmissões melhores e “existe só por existir”.