Desde que retomou seu departamento de esportes em 2020 com a compra dos direitos da Libertadores, o SBT passa por seu pior momento atualmente.
A saída de Luiz Alano é apenas a ponta do iceberg de uma série de decisões erradas tomadas pela emissora. O SBT não apenas perdeu seus principais narradores, mas também falhou em adquirir os direitos do Brasileirão, entregando o campeonato de bandeja para a sua principal concorrente pela vice-liderança, a Record.
Desistência de concorrência por principal campeonato nacional
A saída da concorrência pelo pacote da LFU do Brasileirão foi um erro estratégico monumental por parte do SBT. Enquanto isso, a Record, que chegou mais tarde na disputa pelos direitos esportivos, conseguiu consolidar seu projeto esportivo antes do SBT, garantindo os direitos do Paulistão e do Campeonato Brasileiro. Garantindo calendário nacional para o ano inteiro.
Afastamento de narrador titular
A saída de Cléber Machado para a Record já era anunciada, mas o SBT ainda tentou mantê-lo até o fim de seu contrato em 2024, mesmo ele já tendo acordo com a concorrência. O canal quase implorou para Cléber continuar narrando os eventos esportivos da emissora.
O afastamento de Cléber ocorreu após ele aparecer com o uniforme da Record em um evento que anunciava o Brasileirão no canal rival, uma situação extremamente previsível que a direção do SBT tratou com surpresa e desaprovação.
Oportunidade perdida e pedido de demissão
Com o afastamento de Cléber Machado, restou ao SBT escalar Luiz Alano para a final da Sul-Americana, essa escolha, embora pareça ter sido feita por falta de opções imediatas, acabou por revelar a qualidade de um narrador que vinha sendo subutilizado como reserva desde 2020.
Alano não apenas narrou a partida com a competência que a ocasião exigia, mas o fez com uma maestria que surpreendeu muitos. A final da Sul-Americana foi um teste de fogo para qualquer narrador, dada a importância do jogo e a expectativa dos telespectadores. Alano, contudo, manteve o ritmo, a emoção e a precisão, conduzindo a transmissão como se fosse um veterano de finais continentais.
Com a saída de Machado, era natural que Alano assumisse a titularidade. Ele não era apenas uma escolha lógica pela antiguidade ou pela falta de outras opções, Alano havia provado seu valor. A decisão da final da Sul-Americana e as partidas restantes da Champions League foram oportunidades onde ele mostrou que poderia carregar o peso de ser a voz principal do esporte na emissora.
No entanto, a decisão do SBT de não promover Alano à posição de narrador titular, optando por contratar Tiago Leifert, foi uma surpresa e, para muitos, uma injustiça. Alano não apenas tinha a experiência dentro da casa, mas também havia demonstrado que poderia elevar o nível da transmissão esportiva da emissora. Esse movimento do SBT levantou questões sobre o valor que a emissora dá ao talento e à experiência dentro de seu próprio quadro de funcionários, preferindo um nome mais comercialmente viável, mas potencialmente menos adequado ao papel de narrador principal.
Luiz Alano pediu demissão após a contratação de Leifert.
Leifert e o futuro do esporte na emissora
Dar a Leifert o posto de narrador principal do SBT, é uma decisão que, do ponto de vista de qualidade narrativa, parece questionável. Ele é inegavelmente um excelente comunicador, sendo o nome mais influente da mídia esportiva recente, revolucionando a forma de tratar o esporte na TV, mas a narração exige um conjunto de habilidades que, até o momento, ele não demonstrou dominar plenamente.
A escolha pode ser justificada por interesses comerciais, como a expectativa de atrair uma audiência mais diversificada ou atrair anunciantes que gostam da imagem de Leifert, mas ignora a necessidade de um narrador que possa verdadeiramente elevar a experiência do telespectador durante os eventos esportivos.
A experiência de Leifert em narrar partidas não tem sido aclamada. Durante a cobertura da Copa do Brasil no Prime Video, sua performance foi recebida com críticas por parte do público, além disso, sua participação nas transmissões alternativas da Copa do Mundo de 2022 pelo SporTV não trouxe o impacto e repercussão esperadas.
Tiago é inegavelmente um talento comunicativo, mas até os melhores tem as suas limitações, e narração parece ser uma delas.
Atuais eventos e futuro da emissora
Atualmente, o SBT possui em seu catálogo de transmissões esportivas a Copa Sul-Americana e a UEFA Champions League, duas competições de grande prestígio internacional, mas que não ocupam datas suficiente para ter transmissões todas as semanas do ano. O que impede de consolidar uma faixa horária fixa que fidelize o telespectador.
A ausência de times paulistas na Copa Sul-Americana para a temporada é outro problema para o SBT. São Paulo é o maior mercado de futebol no Brasil, e a torcida por times como Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos gera uma audiência significativa. Sem esses clubes, a competição perde seu apelo natural na principal praça aferida pelo IBOPE.
A presença da Champions League na grade do SBT é um resultado direto da pressão exercida por patrocinadores que desejam a exposição que apenas uma transmissão em TV aberta pode proporcionar. Inicialmente, a Warner, que detém os direitos da Champions League, tinha intenções de consolidar a transmissão exclusivamente através de suas plataformas pagas, como a TNT e o serviço de streaming MAX, com a adição de um jogo gratuito por rodada no YouTube para aumentar a visibilidade. No entanto, a insistência dos patrocinadores pela presença em uma emissora de TV aberta como o SBT mudou o panorama, garantindo que pelo menos um jogo por semana seja acessível a um público mais amplo.
É improvável que o SBT adquira novos campeonatos a curto prazo, e talvez o futuro esportivo do canal esteja ameaçado a médio prazo, vai depender como o público e, principalmente, os anunciantes reagirão a essa nova fase esportiva do canal.


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